quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A Caverna do Cara

E eu, sentado no interior desta caverna solitária e fria, com a fogueira armada, não existe batidas em silex que acendam e façam o fogo surgir. Talvez, eu esteja mesmo fadado a viver nas sombras frias e solitárias de uma existência sem significado. Caminho em direção a praia, tentando me livrar desse singular existir. Chego à praia, mas não existe sol capaz de iluminar essa ausência de sentido no olhar.

Olho o mar e este me parece calmo. Mergulho no oceano e nado para o horizonte infinito, mas neste oceano de dor existem somente algumas ilhas de esquecimento. Não encontro nada, nem mesmo as ilhas esquecidas pelo tempo e humanidade. Afogo-me, porém, sem morrer. Morto não morre, logo, afundo como uma pedra em direção ao vazio.

No fundo do mar, pensando sobre ainda o que resta de minha eternidade, refletindo sobre o zumbi que fui enquanto vivo, constato que nada poderia ter sido diferente. Teria sido tudo da mesma forma, um vácuo total. E não existe ciência capaz de provar que do vácuo podemos tirar algo. Do meu vácuo existir, nada pode ser retirado senão uma cômica tragédia, onde o personagem principal é menos flexível que uma porta de dobrar.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Dessa vez

De toda pequeneza deste mundeco, a serpente insiste em morder-se o próprio rabo. É que o mundo anda dando voltas que eu mesmo não entendo. E como entenderia sobre giros de mundos? Por acaso sou girarista formado?

No aguardo do passe da bola chamado destino. Mentalizando o que é bom. Extinguindo o que pe desejo.

domingo, 24 de outubro de 2010

Cadê?

Sou a bizarra de mistura de Dexter Morgan e "Um Artista da Fome" de Kafka. Onde será que chegarei com isso?

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Recordar é doer...

Olho essas nossos fotos, lembrança do meu passado. Revejo a cena, relembro como tudo ocorreu. Olho nos meus olhos e constato: algo não estava bem. Algo nunca esteve bem. Fraquejo. Penso nas possibilidades do futuro. Olho novamente nos meus olhos e constato: não, não quero aqueles sentimentos de volta.

Saí para dar uma volta, não sei SE volto.

Não me julgue

Hoje, depois da impossibilidade da solitária convivência comigo mesmo, tentado a tomar algumas atitudes desesperadas, entendi uma parcela importante da sociedade marginalizada.

O desespero que tive, certamente, em outro momento, teria eu me lançado ao mergulho escapista.

Esse texto é meu para mim.

O Mosquito e O Apaixonado

Nós, mosquitos somos comos os apaixonados não correspondidos. Ficamos rodiando a nossa presa amorosa, perturbando, no intuito de conseguir um pouco do que nos é fundamental (sangue para nós e amor para os apaixonados), mas no final, somos esmagados como se fôssemos nada.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A Lua

A Lua foi a melhor namorada que tive, até agora. Ela iluminava as minhas noites sombrias, dava-me esperanças de uma liberdade sem fim. Ria comigo do mundo tolo em que me atolava e me resgatava de mim mesmo.

Obrigado Rainha da Noite.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Sanidade mental

Não sei por qual motivo, qual razão, mas sempre que me entrego ao desespero de viver esqueço do mais inerente: que posso morrer.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Saber amar

Saber amar é saber
tocar
respirar
olhar
sentir
desejar
querer
engolir
digerir

Saber amar é saber devorar como um animal devora sua presa e saber também virar parte de outrem. Saber amar não é raciocinar, não é lógica, é instinto.

Saber amar é jogo de guerra, onde o prazer alheio é a bandeira de conquista. Saber se doar.

E acima de tudo, saber receber...

domingo, 10 de outubro de 2010

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Quando eu nasci mulher...

A dor da solidão, no silêncio humano angustiante da noite, a melodia fúnebre da chuva caindo, e todo o meu poder de sedução usado somente para o sabor dos homens. Com o meu consentimento é claro. Dói na alma, profundamente. Saber que toda essa minha beleza física (muitos homens me olham na rua) e, humildimente, minha inteligência (não que eu seja melhor que qualquer outro, mas apenas me dedico), ser usada, me pergunto: - Onde errei? Essas minhas qualidades de mulher rara, sendo repetidamente usada para no fim, ser apenas uma noite? De qualidades, passaram a ser tormentas.

Como ser humano, independente do gênero, sexo é bom. E porque não consentí-lo se não  o desejo também? Cultura machista, mas enfim, isso é outra discussão... E toda essa minha revolta nasce da indiferença alheia com os meus sentimentos, que os julgo nobres. Onde está o carinho, a ligação espiritual, a paixão? Demasiado piegas? E daí oras, não me é cabível que hoje em dia seja apenas uma satisfação carnal, e a satisfação sentimental, não tem? É tão bom o toque desprendido, o apreciar da pele... Não é possível que os homens não sintam isso. Nego-me a acreditar.

Beijos meninas....

Desejo

Não quero mais nada senão me perder na paixão febril e enlouquecer. Quero o sentimento de eternidade de volta. Quero o gosto da vida. E nada mais...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Equilíbrio

O caminho do meio diz que devemos dosar nossas emoções. Mas este tênue equilíbrio entre o demais e o de menos, é terrível e atormendator. O desejo me leva para o demais, para o que é bom. A razão me leva para o que é ruim, me afasta do que é bom. Entendê-los é fundamental para que funcione. E eu, que desto os jogos do Cupido, tenho que armar minha estratégia, para que minha flecha seja certeira.

Ao que tudo indica, estou com muita sorte. Será que dependerá somente de mim?

Mordidas no biscoitinho.

domingo, 3 de outubro de 2010

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Ego

É tão dificíl me libertar do Ego, gosto tanto dele. Percebo o quão sou egoísta nas perguntas mais ingênuas. É alí, na concepção do ato, que demonstro todo minha indiferença para o mundo. Qual será o meu problema?

Bueno, si nada me toca bién, cambiaré lo que haré de mi vida...

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Obrigado e volte sempre!

Da minha pequena habitação, agradeço o bom tempo que esteve comigo. Dei-te o que daria para qualquer rainha que nela entrasse. Realizei os teus desejos reais, assim como todo servo o faria. Mas saiba Alteza, que meu profundo desejo era o mesmo que o seu: um bom tempo agradável. E fui feliz!

Obrigado e volte sempre!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sobre Eu ou Outras Loucuras

Não que eu não saiba exatamente o limite do meu corpo, digo por ora, que a pele, talvez, seja a primeira e única barreira física em que estou aprisionado. Também não estou a falar que rompê-la é libertar-se, pois, na verdade, é dor. A verdade, ou "na realidade" caia melhor como expressão, é que ando buscando limites maiores do meu exisistir. Ou seja, meu corpo já não encerra mais tudo aquilo que preciso.

Olho para o lado, e vejo um buraco. Olho novamente e vejo a mais alta montanha. Me prosto no chão a pensar: -que está acontecendo? Olho novamente e vejo o nada absoluto. Nem eu, que passei por essa terrível experiência, entendo-a. Só sei que num minuto era uma coisa e ao piscar os olhos era outra. E o pior é pensar que isso foi, não ao piscar os olhos, mas a eternidade de uma semana inteira. Sim amigos, a semana de 7 dias com 24 horas cada dia. Estranho mesmo é a ovelha voadora, mas essa não conta, era natural que estivesse lá.

Fiz dos sonhos papel e queimei para que as ovelhas voadoras, digo, nuvens, a levassem. E levaram. Sem nada fiquei. Mas o que eu queria mesmo era um pirulito estilo Chaves, que dá para se esconder atrás. Ah! A época do Chaves. Tão simples e nuvens eram apenas nuvens.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Um Sonho

Um sonho me veio a mente e trouxe ilusões que, no momento, acalmaram meu coração deprimido. Dos verbos ditos, das palavras proferidas, das letras expostas, corri com toda minha disposição e bravura até conquistá-los. Estúpido que sou, aachei a cara nessa parede de falsas verdades...

A pergunta que me veio é desisto ou deixo de insistir? Bom, a priori, parecem idéias iguais escritas de forma diferente, mas discordo. Desistir, no fundo, é admitir algum tipo de derrota; porém, deixar de insistir é constatar a inutilidade do ato, abandonando-o a própria sorte. Hoje, na minha vida, abandonei a tudo e todos, para conquistar e ter o que me faz bem e me é de direito. Percebi que nada é meu senão essa vontade de felicidade. Concluo facilmente que: Penso, logo ... e instalo um vazio na minha mente. E desse vazio preencho com o que julgar bom pra mim. Corro o risco de preencher com veneno? Claro, e isso não é viver?

Amigos, esqueceis o passado, pois ele não volta. Desligais do futuro, ele não se prevê. Viva o momento e só. Não pense. Esse é meu entendimento do Zen.

Beijos no coração.

sábado, 18 de setembro de 2010

Eu sou muito mais que Eu

Eu sou uma soma de outros Eus, cada um feito à sua imagem. Eu sou o resultado de Eus que deixo transparecer, consciente e não-consciente e os que você se permite conhecer e não conhecer, também consciente e não-consciente.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Religião e política.

Budismo e comunismo é o mesmo caminho para problemas diferentes. Ambos são apenas uma constatação de que a realidade não está condizente com a definição humana de felicidade. Ambos são um olhar para a natureza do homem e o processo de sofrimento em que nós mesmos nos colocamos.

Tanto é que no Comunismo Russo o Budismo não foi banido, sendo considerado uma filosofia de vida.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Algo Acontece

No silêncio do coração algo acontece, invisível até aos meus próprios olhos. Escuto apenas essa música, diria até que virou um mantra sagrado. Seu climax é pegar tudo o que tenho e jogar fora...

O que tenho senão os meus medos, egoísmos e outros defeitos? Não posso abandoná-los assim e ser livre. Não sei ser livre.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Vida

Nadei os mares, corri os continentes para entregar-te todo o meu ouro. Esse era o meu desejo, mesmo que o seu tenha sido ignorá-lo. Sou feliz por ter te entregado como era o meu desejo e por ter sido ignorado como foste o teu desejo. Juntos, realizamos os nossos desejos. E o meu amor, nunca foi te controlar, mas me libertar junto a ti.

Amor

Eu sou eu e você é você. E um dia, nós nos encontraremos e nós nos tornaremos nós, uma soma maior do que Eu e você.

domingo, 22 de agosto de 2010

Ciclos

Começo e termino alguns ciclos, mas outros parecem que irão ser por toda a minha vida. Resolvi meus problemas com Deus, falta resolver os problemas que tenho comigo.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Projeto

Estou num projeto, portanto, o blog fica longe como sendo um espaço vazio. Postarei muito pouco!

sábado, 6 de março de 2010

Fome

Que as dores que sinto sejam comida para essa alma doente e débil que carrego pesadamente. Que os parasitas de minha existência suguem até o que não tenho, deixando-me livre desse infortúnio chamada vida, ao qual obrigado fui existir. Sobrevivo das migalhas alheias, dos restos existêntes de vossas almas. Carrego comigo as dores que não posso sentir e aturdido caminho para o que já não sei se posso chamar de "em frente". E assim arrasto os dias sacais como uma lesma, vaarosamente carrega a inutilidade de seu peso perante o homem maléfico. Ah! Talvez a lesma seja feliz. Ao menos foi presenteada pelos Deuses sacanas com o dom da ignorância, o não pensar da vida. Se ao menos pudesse me transformar num ser vazio, assim, preenchê-lo-ia com felicidade.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Insano

Na margem do lago via meu reflexo enquanto criança e pensava no homem que iria me tornar. Hoje, olho no mesmo lago, vejo esse outro reflexo e penso na criança que fui. Não fui a criança que o homem pensou ser e nem o homem que a criança sonhava um dia ser. Torneime algo além do que estava refletido naquela imagem. Lembro-me olhando profundamente no fundo dos meus olhos e construindo tudo o que achava bom. Fato é que, não posso negar, consegui algumas coisas.

Porém minhas marcas mais profundas são do adulto que me tornaria ante a todo aquele asco aos meus companheiros de sala de aula. Via cada defeito, cada desvio de caráter e construí o que seria o ideal. Bom, tudo vento passado e hoje, apenas olho todo o resto. Contemplo. Gargalho. Devagar divago e devaneio.

terça-feira, 2 de março de 2010

Sobre cachorro-quente

A vida é estranha, porém, mais estranho são as pessoas. Na minha formatura, elegemos um professor como paraninfo, que já tinha sido milhões de outras vezes comtemplado e por fim, deliberadamente foi concedido à outro professor, que alguns já haviam convidado. Fato é, que damos ao novo professor, nunca antes contemplado. Esperávamos um belo discursso, mas...

Chega o grande dia, o dia da formatura. Prof. Douglas puxa uma folha, tamanho A4, escrito a mão e profere seu magnífico discursso. Acaba, todos aplaudem, mega emocionante. Entra nosso Estimado paraninfo. Olho e me pergunto: Cadê a porra do papelzinho? Concluo: O cara deve ser tão foda que nem precisa de papel para falar, bizarro mano... (Só para constar, nunca tive aula com ele). Inicia as palavras. Normal. Começa a sua parábola. Tentarei transcrever vagamente o que lembro. Aluno e professor são como um cachorro-quente. Só o pão é ruim. Só a salsicha é ruim. Mas os dois juntos é bom. E fica melhor quando tem molho. Amor é o molho.

Foi algo parecido. Fiquei deprimido e essa merda está no DVD. ha                 ha               ha                              ha                                           ha .

segunda-feira, 1 de março de 2010

Vazio

De todos os amores que tive, sem dúvida as que não foram minha me marcaram tão profundamente como as que pude desfrutar. É que ex-sonhador como fui, fantasiava com elas. Enfim, hoje, sem fantasias, adoto o passatempo leitura como substituto aos sonhos.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Ego

Sou um homem de atitudes egoístas, e nelas, desejei profundamente que estivessem comigo. Se fosse meu desejo altruísta profundo, daria solenemente mias posses para vocês, mas o que acontece é que desfruto de vossa companhia, ou seja, me é importante vossa presença.

Apenas digo, aos meus mais íntimos amigos, que desejei profundamente vossa existência ao lado da minha. Só posso dizer que os amo profundamente, mas, ainda mais, amo a mim.

Beijones do Diegones ao casal VAscones de verdones nessa noite.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Só eu sei..

De todas as dores
e males
que vossa alma pudesse
na minha depositar
o maior deles
sem dúvida
é a dúvida.

Só eu sei
que penumbra me encontro
desencontro minhas certezas
que outrora roguei a ti

Desses nossos mágicos dias
que vossa pessoa ignoraste
e fizeste traste
recordo como mel.

Só eu sei
o que desfiz para fazê-la
entender-me por completo
Para completar o que me faltava.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Insônia ou dos Sentimentos Perdidos

Quando perdemos o sono, nessas noites que todo mundo tem, o relógio se torna nosso pior inimigo. Inicia-se uma batalha entre ver a hora e tentar dormir o mais rápido possível, o que na verdade é impossível, posto que a cada minuto nos cobramos ainda mais. Altas horas, sono cobrado. Desisto, pego um livro e leio-o. Se vier o sono ótimo, se não, ótimo idem.

Ando com a mesma insônia de sentimentos. Não é o relógio que digladia comigo senão eu mesmo. Preciso de livros para essa batalha, ou seja, não ligar para o tempo do sono e dos amores.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A minha primeira vez com um homem

A primeira vez de qualquer pessoa é sempre marcante. Uns dizem que é sofrimento durante o ato e outros um prazer imenso. No meu caso, a primeira vez com um homem, foi misto de ambos, dor e prazer. Não lembro de nenhuma mulher que tenha tido a importância que ele teve e tem na minha vida. A dor veio no final e explico depois. O prazer, dura até hoje. Homem marcante, de personalidade forte, quiçá parecida com a minha. Passamos horas, madrugadas na minha cama, sempre juntos. Confesso, que até no banheiro partilhávamos nossas intimidades. Ele nunca ligou, sempre foi muito aberto para mim.

O conheci por intermédio de um professor da faculdade. Disse-me assim: - Diego, você tem que conhêce-lo, vai se apaixonar. O conquistei com suor de meu esforço, o que não me foi fácil. Fomos para casa, ainda no caminho, nos tocamos pela primeira vez. Já havia tocado outros homens e incontáveis mulheres, mas esse, nosso primeiro contato, foi uma porcaria. Simplesmente não teve química, física e biologia com ele. Coloquei-o em seu devido lugar, e lá, esperou-me por cerca de dois anos, até que um dia resolvi tentar novamente ter com ele. Sou um cara de paciência e tolerante. Minha melhor amiga disse que esteve com ele e realmente era maravilhoso, pensei, porque não?

Tirei de seu local, agarrei-o com força e fomos para a minha cama. Viramos a noite juntos, num deleite interminável. Era manhã e tinha que ir para a faculdade. Acompanhou-me na ida ao estágio e posteriormente para a faculdade. No estágio nos comportamos, mas na faculdade, loucuras. A partir desse dia estaríamos juntos todos os dias.

Quando acabamos, por decisão dele, estava no ônibus de volta para casa. Lembro que olhei pela janela e senti um profundo vazio. Era a primeira vez que ao acabar de ler um livro sentia um buraco negro, e agora, que tem mais sobre Hary Haller? Assim, acabou, e eu? Como fico sem mais do livro? Era uma dor terrível. Foi prazer durante a leitura.


Hermann Hesse é o primeiro autor que me conquistou profundamente, que ainda me toca no sentido artístico. Não é atoa que é laureado com Nobel de literatura. Estou relendo O Lobo da Estepe. Hesse é maravilhoso. Após cinco anos ter lido-o pela primeria vez, retomo com Lobo da Estepe. E tenho ainda um prazer enorme em tê-lo comigo.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O Cassino

 

No cassino do amor, apostei minhas últimas fichas no número que lhe era de direito. Perdi. Ora, senão é da vida ser uma eterna aposta, onde se faz natural ganhar algumas vezes e perder noutras? Pois bem, perdi. Perdi tudo o que tinha, todas as fichas, as que carregavam esperança de uma boa ventura, de um mar de felicidades. Mas... Perdi. Perdi feio. Até que, tentei apostar umas moedinhas que me haviam sobrado no paletó, porém, era tarde demais. O dano já havi se instalado em mim, o desespero tomado conta, se fazendo sentimento perpétuo. O que me resta?

O orgulho vendi alí na esquina, a troco de banana. Levaram, de lambuja, todas as minhas certezas. Isso que mais me dói, levarem as minhas certezas. Sim, o dono do cassino ao me ver em tantas derrotas consecutivas, ficando no liso, me deu um punhado de possibilidades. Até foi generoso, diria que me deu um mundo de possibildiades. Perco as certezas e ganho possibilidades, o que não ajuda muito.

Enfim, agora, sem recursos para tentar a novidade no cassino da vida, fico vagando pelas ruas com minhas possibildiades no bolso, sem saber o que fazer. Mas se tivesse te ganho na aposta...

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O Casamento do Meu Amigo

Já se passaram alguns poucos meses desde que meu amigo de infância se casou. Ferdinandis é o cara do tipo que não tem como se apaixonar por ele. Transborda tranquilidade. Já a sua esposa... É maravilhosa. É apaixonante também, tranquila também. O Fernando é um homem de muita sorte. A Catharine é uma mulher de muita sorte. O casal merece toda a sorte do mundo. Sabe, o tipo de casal, ambos inteligentes, bem-humorados, que conversam sobre tudo, conscientes, alegres, bonitos; enfim, tudo de bom que se pode conhecer numa pessoa, ambos carregam esses adjetivos.



O Fernando e Cathá é o casal que mais me faz acreditar que o amor é verdadeiro, que existe e que é possível encontrar alguém para ser feliz. Amo-os de paixão. O casal guti-guti, que dá gosto de vê-los juntos. Mais de quatro anos (ou cinco, não sei) juntos e continuam apaixonados. A coisa mais linda que já vi e ouvi foi o Fernando dizer, quando perguntei ironicamente, se ele iria MESMO se casar. Ele respondeu carregado de certeza e amor: - Sim cara, a Cathá é a mulher da minha vida. Isso é o máximo do amor.

Os amigos reunidos, demos uma luna de miel em Buenos Aires. Bom, o presente tinha que ser entregue pela galera, junta. O Ricardo, muito esperto, bolou algumas presepadas ao casal, onde tiveram que cumprir algumas "tarefinhas" como beber um litro de cerveja em um minuto, andar vendado, carregar a noiva nas costas e muchas otras cositas más. A entrega foi muito bacana, um prelúdio do quão seria maravilhoso o dia do casamento. De brinde ganhei mais amigos, que a cada dia vou selando mais esses laços. Uma galera muito show de buela. Até fizemos um amigo oculto na minha casa!

Do dia do casamento, tive a enorme honra de levar o noivo para a igreja. No carro, enquanto dirigia e conversava, pensava como estava o dia, o sol brilhava intensamente, um dia lindo. Também pensava na responsabilidade de conduzir o noivo em segurança, imagina uma tragédia... Talvez, pela primeira vez, senti-me responsável por quem carregava no carro.

A lembrança mais forte do casamento que tenho é, momentos antes da noiva entrar, o Fernando parado no altar, a multidão de amigos na expectativa. Fecham-se as portas. Olho novamente para o Fernando. Espera. Sentimentos. Abrem-se as portas e vejo somente a silueta da noiva. Olho pro Fernando. Chorando. Choro. Olho para a noiva. Ela sorri o mais belo e profundo do mundo. Ele chora. Imagino o que ele tem em mente. Não imagino, só ele sabe. O contraste é magnífico. Ele chorando a felicidade e ela rindo a felicidade. Eu chorei mesmo e fiz questão de não esconder. Todos choramos.

A festa. Ah, a festa... Que delícia. Lugar perfeito, gente maravilhosa, 250 amigos reunidos celebrando o casamento do casal lindo. Lá, ela abraça uma amiga e chora. O Fernando sorri com todos os amigos. Enfim, foi um dos dias mais felizes da minha vida. E dá gosto de vê-los juntos!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Paixão ou Amor?

Hoje, olhando para os meus livros da época de graduação em Ciências Biológicas, vejo o quanto ainda amo ser Biólogo. Já estou formado a 5 anos e continuo amando a biologia.

Olho para minha tatuagem, a primeira, e sinto um prazer enorme em tê-la, um orgulho tremendo.

Estou tentando definir se é amor ou paixão. Sei que é um sentimento forte. Anseio por mais sentimentos fortes.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Meu Jardim ou dos Amores Perdidos

Sou um homem de sentimentos fortes e enraizados na minha alma. Depois de tantas tragédias dignas de Homero, decidi por tornar-me mais Zen e ter, no meu recanto do lar, um pequeno jardim. Como homem normal e falho, exijo algo de meu jardim. Não muita coisa, quiça algumas que o deixem aquém de sua natureza, mas e daí, sou falho e exijo mesmo.

Quero que meu jardim, seja meu confidente. Quero poder lhe contar meus segredos, e acima de tudo, meus sonhos sem que riam deles. Já riram dos meus sonhos, até me falaram que eram estúpidos! Estúpidos são vocês. Me chamaram de louco, depois que o realizei, falaram que eu era um tipo semi-Deus. Não sou nada que não eu mesmo. Mas sempre acompanhado de um rótulo, ora estúpido e ora semi-Deus.

Quero que meu jardim seja lindo. Lindo aos meus olhos e por isso o cultivo com carinho. Para um jardim, beleza é fundamental. Flores charmosas, bambus retorcidos, pequenas construções em vermelho. Gosto de alguns detalhes que são fundamentais. Tem que ter flores cheirosas, porque o jardim não é só para os olhos. Muito menos para o olfato. Todo o conjunto tem que agradar, a priori, a alma.

Quero um jardim que me compreenda. Que cada flor diga, com toda a sinceridade de sua beleza, o que preciso ouvir. Quero também que meu jardim me conte seus segredos. Quero jardim que, a cada dia que o veja pela manhã, sinta o orgulho de poder pensar: Esse magnífico jardim é meu! Sou o responsável por ele.

Quero um jardim, com uma fonte no seu interior. Quero que o barulhinho bom da água escorrendo seja música para os meus ouvidos. Desejo também, que vez por outra, a fonte me fale algo que me faça pensar, que seja impactante na minha alma, e eu berre: Nunca havia pensado nisto! Você é demais!

O meu jardim tem que gostar de mim, e me conhecer profundamente. Quero que ele me surpreenda todos os dias. Poderia muito bem um dia presentear-me com um beija-flor. No outro dia, poderia ter uma bela borboleta. Quem sabe, seja tão profundo que um dia me traga um camaleão ou talvez alguns sapos.

Quero que o jardim seja paciente com a natureza. Só será belo se for paciente com as lagartas, afinal, um dia serão belas boroboletas. Quero que o jardim administre seus problemas e me traga outros. Poderá muito bem dar um jeito nas formigas!

Enfim, quero apenas um jardim que seja a representação daquilo que me é falho na alma.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Das Dores Terrenas

Não suporto essa espera pela cicatrização dos furos feitos em meu corpo. Olho arturdido e não vejo esperanças de uma melhora rápida. Me toma o peito um sentimento de arrancar esses pregos ferozmente inseridos na minha carne. Questiono-me se a dor vale à espera. Vejo os outros corpos, lindos, em suas formas perfeitas e eu, aqui, na mesma por dias. E já não sei mais quanto tempo hei de suportar visto que, corpo débil, tudo se torna mais demorado. Encaro como uma provação aos meus desejos íntimos, de mudanças e de nova vida. Mas dói, sobretudo à espera, longa espera. Olho-me no olho, procuro nas profundezas de minh'alma forças para continuar com este sacrifício. Sim, quero satisfazer o gozo de meu ego, mas, novamente, corpo débil, somente me causo dor.

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Quem acertar para "quem" é o texto ganha um doce!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Meu presente

Estúpido ser que fizeste troço de meus presentes, minhas relíquias e acima de tudo, sonhos. Jogaste fora com valor de inutilidade aquela flor que te dei para conquistar um sim numa pergunta futura. Entendeste erradamente minha poesia sussurrada ao pé da orelha. Confesso, que já esgotado de outras batalhas, não entreguei meu sangue como outrora fiz. Mas e daí, não é de menos os tesouros que te dei ao som das águas. Mostrei-te meu singelo universo construído, abri meu diário, rasguei algumas folhas e você, nada...

Agora, vejo a glória nos céus, pois sei que anjos nos salvaram de um erro lastimável, talvez, fôssemos pesados demais para estar no mesmo barco. Minha alma de mil toneladas, que nem eu mesmo suporto, o que dirá você donzela preocupada com suas próprias tranças inúteis. Jamais entenderia minha complexidade, posto que flor que és tu, murcharia como seca no sertão.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Eu e o Wal-Mart

Eu e o Wal-Mart do campinho temos uma relação ímpar, muito íntima. É que estaciono meu carro dentro do Wal-Mart todos os dias em que tenho aula na facul. Mas nossa intimidade não cessa por aí. Nos corredores desse mercado, já busquei coisas sem preço. No setor de esportes, é onde vejo meus sonhos. Vejo uma barraca para quatro pessoas, vejo o preço, imagino meus quatro eleitos andando por aí, montando-a em lugares inóspitos. É, amo viajar mesmo. Ainda ne mesma seção, encontro as cadeiras para a praia, e assim, estou na Ilha Grande, na minha barraca nova, com cadeiras novas. A Mágica Ilha Grande, onde conheci magias encantadoras...

Na seção de pet encontro pacotes de amor incondicional, pois, cada vez que vejo a ração pra cães lembro do Astor. Amo meu cachorro e sinto a falta dele. Nunca pensei que num mercado lembraria dele tão fortemente que o peito doesse. O Wal-Mart tem dessas coisas.

Outro dia desses fui lá buscar um amor. Olhei para os corredores imaginando tudo o que poderia ser, posto que sonhador, imaginava todas as possibilidades. Esse vidro, chamado amor, caiu no chão e quebrou, ou seja, paguei sem levar. Mas não me entristeci! Fui lá com vontade de levar e isso é o que me importa. A minha vontade.

Enfim, o Wal-Mart vende o que preciso pro corpo, mas pra alma ainda se encontra nas entre-linhas da vida.

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Pra você Cintia, sobre minha relação com o Wal-Mart.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Eu Sou um Babaca!

Acho bacana mesmo, nesses dias quentes de verão, talvez pelas noites mais amenas, zoar com os pobres. Pobre, não miserável. Miseravél não tem graça, a vida já escorraça tanto, que quando vou zoar o cara nem reage, fica ali, no chão, implorando por comida. Definitivamente não tem graça. Mas zoar com pobre tem graça. E muita! Fala sério brother, quem nunca jogou um ovo na galera no ponto de ônibus, de manhã, indo para o trabalho? O foda é acordar cedo, porque pobre tem essa mania. Mas, uma vez por mês, compro meus ovinhos, peço para minha empregada me acordar cedo, pego o carro importado do papis e lá vou ao meu divertimento. Passo pelo ponto, miro nos pobrinhos e vrum! Lanço a caixa de ovos. Dou um freadão, porque a graça é ver a galera suja e puta. Morro de rir e saio arrancando. Mó adrenalida brother.

Um dia desses aí meu carro quebrou. Pô, mó vacilo. Mas tá tranqx, fui de busum mesmo. Daí tive a sacação máxima. Brother, quando cruzar por um ônibus, da minha janela vou jogar ketchup no outro busum. Cara, no mesmo dia fui com uma galera comer um podrão, malocamos o treco de ketchup e não deu outra, quando um outro ônibus ia passar pelo nosso, porra brother, apertei o tubinho com toda a minha força. Sujei geral mané, hahahaha. Monte de pobrinho sujo dentro do busum.

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O tema deste texto foi pedido por uma amiga, Ana Lídia. Agora, quem quiser um tema, só pedir. O tema era esse: Eu sou um babaca. E onde estou sendo babaca? Os dois causos acima, apesar de ficção, são baseados em histórias que amigos meus vivenciaram.  A babaquice é que quando meu amigo contou que se sujou de ketchup, da forma descrita acima, eu ri. Ao rir, consenti o ato e me tornei cúmplice do ato. É como se falasse assim: - Cara li no jornal que um cara levou um tiro no estômago e tava tão cheio de suco que começou a vazar, igual ao desenho animado! Saía suco e sangue, ahahahaha. Mas se fosse um ente querido não teria graça. Levar um tiro não tem graça. Ser sujo por um playboy de merda não tem graça. Então Ana, ao rir do meu amigo, tornei-me babaca. Pergunto-me quantos atos consentimos ao sermos conivente, pelo menos rindo? Como fazer piada do Holocausto. Tem graça para quem não tem sentimento.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Uma Caminhada no Deserto

 
Deserto do Atacama - Vale de la Luna.
Ultimamente sinto minha vida como uma caminhada no deserto do Atacama. Dias quentes, extenuantes e sem vento. Minhas mucosas sangrando hemorragicamente, uma dor insistantemente irritante, como música ambiente, de fundo, só que no meu triste caso, apenas dor. Os lábios rasgados pelo clima seco, onde comer torna-se uma tortura vagarosa e contínua.  A existência é no limite do suportável. O sol brilhando, como de seu costume, transforma-se num objeto de ódio mortal, posto que sua existência é inevitável. A minha existência é evitável. Esses pensamentos tortos conduzem para caminhos mais tortos ainda, portanto, deixo-os secando ao sol para que não voltem a me importunar. Mas, como o sol, como seu costume, sempre voltam, e a cada dia com um novo e lógico argumento. A faca, outrora objeto necessário para a vida, para cortar a carne alimento, brilha intensamente à luz do pensamento maléfico, e também serve para cortar a carne, só que a minha carne. Espero eu, que acorde desse delírio, que tudo isso seja apenas fruto de uma insolação costumeira, e que meu regresso às terras de clima mais amenos me façam bem. Mas, condenado alguns dias ainda nesse deserto, que tenha força para me livrar desse peso que carrego. Tudo, aqui no deserto, reluz diferente. O sol parece se comunicar através da luz, desejando carregar algo para suas entranhas e queimar como combustível de sua existência. Talvez seja isso mesmo, o sol quer apenas a minha carne para manter seu corpo ardente. Sei que busco a sombra, no intuito desesperado de voltar a realidade. Que ódio! Maldito deserto! Não tem ao menos uma arvorezinha para ter uma sombra de paz. Isso que odeio mais nesse purgatório, essa ausência de cantinhos de paz. É um mar de esterilidade, de locais de sol, calor e dor. Não tem descanso, tem apenas a luz do sol, chamando para fazer parte de seu corpo. Insistindo em me levar. Luto ferozmente para me agarrar ao sentido da vida.

Volto para meu lar. Depois dessa caminhada, o lugar que julgo mais tranquilo no mundo. Minha casa é o sagrado lar da felicidade. Avisto de longe os contornos familiares, as paredes brancas que com esmero pinte. Aumento o valocidade, só penso na água e no prazer que me proporciona. Desejo profundamente que espaço se encurte. Desisto de caminhar  e corro. Meu cantinho de paz contina longe. O desespero aumenta, parece que a distância se mantém a mesma, continuo vendo os contornos, sem maiores detalhes. Um sentimento de medo surge, como quem não quer nada. Corro freneticamente, esgotando todas as minhas energias. O lar ainda está longe, terrivelmente longe. Paro, ao sol, e deixo que aluz se torne faca e corte meu corpo. Eu desisto. Ainda ofegante, sinto uma certa paz, talvez tenha chegado a hora de desistir mesmo. Pelo menos, morro parecendo um herói, que lutou até suas últmas gotas de sangue.

Acordo em casa, no Rio de Janeiro, quente e ensolarado. Desconheço o que me ocorreu, talvez um sonho ruim. Sei, que as ruas daqui são estéreis. Continuo sem encontrar a minha sombra, mas a rotina me faz homem normal. Acordo cedo, já sabendo que o interfone irá tocar. Levanto, tomo banho. Escuto os latidos de meu cão. A chave ricocheteando na porta. A dobradiça rangendo seus dentes. Passos. Vozes. Desligo a água, olho para a toalha. Percebo os diferentes tons que a umidade confere ao pano. Pego a toalha. Olho no espelho. Não me reconheço. Escovos os dentes*. Abro a torneiro. Bochecho água. - Bom dia cara!. Passo por cima da cama. Pego minhas roupas. Visto-as. Pego meus pertences. Giro a chave. O Sol está brilhando, sua luz reluzindo. Saio com o carro.

Definitivamente, vivo num deserto. Não vejo emoções nas esquinas. O sorriso do vizinho é degradante. Odeio a classe média burguesinha. Tudo corretinho, como manda o figurino. Tudo estéril.

Vejo nos meus sonhos uma mulher de cabelo curto, tatuagens amostra. O olhar de pessoa decidida. Botas de milico, saia provocante. Qualquer dia desses ela há de arrombar uma porta, num chute só, e levar todos os pertences. Que a casa seja a minha, e que os pertences sejam os meus livros e tudo o que eles me disseram. Espero pela moça.

* Escrevi que escovos os dentes só para parecer higiênico.
2 - É só um texto, não quero me matar. Bom, eu acho...(3)
3 - Piadinha acima, só para assustar. hahahahahaha.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Entre lobos...

 

Todos os homens que por ventura possuem, correndo em suas veias, um animal ou mais, é possível que sua natureza animal entre em conflito com sua natureza humana, e assim seu futuro será de um eterno sofrimento com raros momentos de beleza e prazer. Existem homens, que encontram no seu animal um parceiro, um amigo, Porém, para alguns, minoria desfavorecida, o que existe é um duelo entre as duas naturezas, onde a existência de um serve unicamente para danificar o outro.

E que animal você tem?

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Pássaros com mira Laser




Eu sou biólogo, mas confesso que muito pássaro poderia ser extinguido sem nenhum prejuízo para a humanidade. Inventaram aquela maravilha de raquete elétrica para matar mosquito (sempre me perguntava por que demoraram tanto para inventá-la), e juro, que tem dias que olho o meu carro e me pergunto: -Será que vão inventar um troço para matar passarinho?

Tem gente rolando, bufando e reclamando do meu comentário, mas azar o deles. Meu ódio contras essas melecas que voam começou ainda criança, quando o meu sono era leve e depois de acordar no domingo pela manhã, essas coisas entoavam seus pios e retiravam por completo a minha chance de voltar ao meu sonho, ainda com as paixões do outro post. Hoje, meu ódio se mantém graças a modernidade e ao meu carro. Explica-lo-ei posteriormente.

Eu creio que esses trecos que voam tem treinamento militar e equipamento de última geração desenvolvido em laboratórios ultra-secretos nos Estados Unidos. Estaciono meu carro, na vaga do meio, entre as árvores, ou seja, os animais não têm onde ficarem empoleirados. Assim, evito a cloaca solta. E no final do expediente, encontro meu carro todo marcado, certeiramente no vidro, com os dejetos dos referidos trecos que voam. Incrível como os dois outros carros (as vagas são para total de 3 carros), que ficam embaixo das árvores continuam limpos como todo carro de classe média o mantém. Só pode ser sacanagem deles, de ficar voando de uma árvore para outra e cagando. Aí, o intrépido leitor pergunta-se inteligentemente: - Ora, então deixe seu carro embaixo da árvore, assim o carro cagado será o do idiota que colocar na vaga do meio. Respondo-lhe de antemão que, quando deixava embaixo da árvore, o carro era vinte vezes mais cagado. E se tiver a idiota idéia de me perguntar se tento outras vagas, sim porra, já tentei TODAS as vagas. E meu carro é o mais cagado. E não é sorte nem está vindo dinheiro, o que vem é trabalho de lavá-lo toda semana (já desisti, carro cagado Style For Me) ou 10 merréis (reais) para lavar na esquina.

Sim, Murphy is my friend, muy amigo. Mejor amigo del pecho. O babaca tinha razão, mas só para alguns eleitos. Os pássaros de cloaca frouxa me escolheram e não vejo mérito nisto.

Tudo isso pode ser uma vingança, pois quando mais jovem, com algumas pessoas, tínhamos uma espingarda de chumbinho. Eu tentei matar uma rolinha, mas acertei tão longe que somente assustei o troço voador cagador. Errei e não matei, o que consegui? Na época ser zoado pelos meus amigos e hoje ser zoado pelos pássaros. Enfim, ainda matarei alguns.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Quando criança...


Vladimir Kush - The End of The Earth

As minhas mais tenras lembranças são de uma pessoa sempre apaixonada. Escolhia meu alvo, meu objeto de desejo, meu amor platônico e derramava todo meu amor sobre ela. Durava uma eternidade de meses até que percebia uma relação estéril. Rogava minhas últimas energias. Sonhava, idealizava e assim, no meu pequeno mundo, realizava. Chegava a segunda-feira, primeiro dia na escola pós final de semana. Olhava minha musa e a empurrava de seu pedestal. Fazia isso para me proteger. Sabia de minhas impossibilidades e enchia-a de defeitos. Pois o nariz é muito grande! Orelhas enormes! É muito lerdinha pro meu gosto. Mora longe demais. Uma cachoeira de defeitos impiedosos e malvados. Tudo no silêncio de meu pensamento, no consentimento de meu coração. E a musa, esparramada no chão, era a minha deixa para a vitória, o triunfo do rejeitado. Ria maleficamente com a ex-Deusa no chão, meu chão. E meu trabalho recomeçava, onde estaria a minha nova musa? E, esforçava-me para ver as qualidades de minhas futuras pretendentes. Ela nem é tão gordinha asim...

A crinça cresceu, tornou-se algo maior, mais velho e cheio de possibilidades. Esforçou-se para extinguir sentimentos que lhe traziam dor, mas, no mesmo manual, não lhe ensinaram a viver sem sentimentos. E agora, ser apaixonado sem paixão, viu-se sem chão. Empurraram-no ao chão. Alguém ri maleficamente. Será que estou pagando por toda a minha blasfêmia com aquelas Deusas?

E assim, eu me sinto um barco perdido na imensidão do mar. Com inúmeras possibilidades, inúmeros cais espalhados por todos os continentes, mas verdadeiramente perdido. Será que me tornei marinheiro de amores rápidos? Será que me tornei um lobo solitário preso à matilha de amigos fiéis? Perdido é a definição que dou ao barco dos meus sentimentos. Quebraram o timão, rasgaram as velas, quebraram o mastro e destruíram o leme. Ou seja, agora é ao sabor do acaso. Que venham ondas que carreguem para uma ilha, que afunde o barco, que destrua tudo! Mas não me deixe nessa água parada, fria e sem vida.

Viajar


 Che Guevara morto pela C.I.A[1]

Preciso me sentir livre para estar preso a você. Preciso respirar ares novos para te ver nova todos os dias. Preciso comer pedra para me deliciar com mais do mesmo todos os outros dias (os repetidos pela rotina). Preciso dormir no chão para achar minha cama amelhor do mundo. Preciso me esquecer de você para lembrar-me todos os dias de vossa majestade. Preciso não precisar. Necessito necessitar. Meu amor é estranho, mas está carimbado no meu passaporte. É nele que deixo minhas mais íntimas impressões, e você, ser imutável, se não o vê, não o compreende. Portanto, abandone essa velha mala chamada preconceito e viaje comigo. Vamos, levante-se daí! Vamos para onde os sonhos são reais e as dores também. Aprendar a gostar da rejeição, aprenda a aprender com as dificuldades. Extrapole os pequenos fatos de nossa caminhado para os enormes acontecimentos de nossas vidas. Veja a fome a dor alheia como uma comida para nossa alma, alimentando os desejos de mudança, de revolta e de vontade política.

Querida outra Eu, o Pequeno Príncipe é para gente grande e burra como o Eu, que precisa de palavras de outrem para entender a vida. Eu te ensino e você me ensina, assim deverá ser nosso amor. Querida outra Eu, apague o que você é e se torne o que deseja ser. Esqueça tudo. Apague tudo, recomece uma nova você. Assim como eu já me cansei de fazer, faço e refaço. Novidades, alguma boa nova?

[1] Che Guevara, mesmo morto e ainda fala com os olhos.  A expressão de satisfação ao morrer por seu caráter, o sentimento de dever cumprido, a paz de todo herói que ele merece. Li algumas biografias, e todas elas contam que Ernesto Guevara, mesmo como "El Comandante" fazia questão de almoçar na mesa com os soldados e não com os generais. Isso é caráter. Por isso é meu herói. Que morra o Che revolucionário, esse é histórico. Mas o Ernesto de caráter de aço, irredútivel de sua moral, esse o que não estampam em camisas vermelhas, esse é o verdadeiro Ernesto Guevara.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Sobre As Mulheres Atuais ou das Flores Bonitas


Definitivamente não compreendo a beleza das flores. Ou melhor dizendo, o encanto que as flores têm sobre os seres humanos. Por que a beleza, das flores, é tão fascinante se é tãon efêmera? Como podemos admirar algo que está fadado a envelhecer, murchar e morrer. Enfeiar-se. Como podemos olhar para aquela bela tulipa ou orquídea rara, ficar estarrecido com sua beleza única, cores vivas, formas perfeitas e esquecer completamente que em muito breve ficará horrível, caída e sem vida. Como podemos ignorar a ação do tempo, mesmo esta seja que breve?

Reflito. Admiro. Concluo que nossos problemas são esvaziados ao admirarmos uma bela flor. E penso, que escolhemos mulheres como flores, lindas e perfeitas, sempre esquecendo da crueldade do tempo. Flores e mulheres murcham, caem e morrem. Antes das boas recordações, diferente das flores, as mulheres deixam seu legado, seus momentos de carinho, os momentos belos e olhares encantadores. Por isso, os homens escolhem as flores que perduram. Por isso, nos é tão estranho presentear as mulheres com flores, pois sabemos de sua efemeridade. Nós, homens raros que buscam a profundeza de vossas almas, escolhemos flores que nos pareçam eternas. Que a beleza seja do ato e não das pétalas.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Vazio

O vazio que sinto ao ver o pôr do sol é idêntico ou nascer do sol, tanto faz, é estranhamente gostoso. Não vejo as cores do dia, mas somente preto e branco. Vejo tudo em duas dimensões e somente duas cores, mas de alguma forma, isso me faz bem. Não compreendo essa ausência de sentidos, mas confesso no recôndito da minha alma, eu estou gostando. Olho para o prato de comida em cima da mesa e vejo apenas uma luz ofuscante. Não existe o desejo de devorar o prato como me seria tão comum em outros momentos.

Parei de sentir. Parei de desejar. Me perco no sentimento de ter parado de existir.

Confesso que o que era bom, torna-se, vagarosamente, um fardo. Pesado. Um saco. Lembro de sísifo, no exercício da inutilidade. Vejo o existir como uma obrigação ao fato de estar vivo.

Penso, logo desisto.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Livre demais...

O mundo enquanto mar de possibilidades, nos apresenta uma multiplicidade de todas as coisas. Não suporto a idéia de pertencer somente a um grupo, um único gosto, uma única forma de colocar as vestes. Gosto de tudo um pouco e profundamente de poucas coisas, coisas essas que me fazem real sentido. Gosto de ser tudo, de poder ser tudo. Gosto de parecer como a água, que permeia tudo o que toca. Molha, envolve e depois dissipa. Quero ser o que sou quando desejar. Pensar e ser. E sou. Serei. Deixo de ser e me torno novamente.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Templo Sagrado


Meu corpo é um templo sagrado que contém toda a essência do universo, incluindo Deus. Portanto, devo mantê-lo o mais limpo, o mais puro possível; devo respeitá-lo e acima de tudo, amá-lo, como se amaria a Deus e a existência.

Não devo profanar nenhum templo, nem mesmo aquele que chamo de meu. Portanto, sigo o caminho do meio, sendo o importante o equilíbrio. Tudo demais e nada sempre, são extremos que devemos evitar. A partir de agora, respeito meu templo sagrado, aceito como um empréstimo da natureza e cuido como único.

Entendo a vida como única ,imersa num mar de infinitas possibilidades. Cada escolha me leva à outras infinitas possibilidades. Logo, não tenho o direito de ficar entristecido com um fato, pois, dentre uma infinidade de possibilidades, aquela me desagrada. Esforço-me para que meu próximo ato me traga uma possibilidade melhor. Melhor? Não, pura enganação. Apenas encaro com naturalidade. Que o próximo ato me traga iluminação. SHIKIN HARAMITSU DAIKOMYO.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Minha iluminação



Todas as minhas dúvidas quanto ao espírito, Deus e tudo mais foi resolvido. Foi de forma súbita, uma catarse, mas carrega minha vida como base


A primeira confusão é, quando se abandona os sentimentos em prol da iluminação, surge uma dúvida cruel: - Será mesmo essa minha natureza, minha vontade mais íntima? Ou será apenas enganação do meu raciocínio? Os iluminados dizem que estas questões cessam quando se atinge o nirvana. Eu, simplesmente, não consegui abandoná-las. Mas as resolvi. E a resposta é simples demais. A natureza humana, de qualquer indivíduo, é o resultado de impressões fisiológicas (neuropeptídeos[1]) que recebemos do exterior, ou seja, nós não somos realmente nós, mas sim, algo formado pelo exterior. E a genética? Os genes fazem sua parte, mas não sua totalidade. Somos misto de genes e impressões externas. Logo, aquilo que chamo de "minha natureza" necessariamente não é minha. Problema resolvido.

E sobre abandono de sentimentos? Os sentimentos são fontes de dor. Todos eles, e abandoná-los é a melhor maneira de se econtrar a paz, a felicidade. A felicidade não é o cumprimento total dos desejos, mas o oposto, a inexistência deles. O domínio sobre eles.

Mas a vida perde a graça assim? Não, porque sempre existirão desejos, até mesmo o desejo de não se ter desejos. O que acontece ao iluminado é que se ganha mais consciência do que se tem, do que se perde. As coisas ganham seu real valor. A vida encontra o equílbrio.

Depois posto mais sobre Neuropeptídeos.

[1] http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-52732004000200008&script=sci_arttext

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Adeus

Já escrevi uma carta de adeus, onde publiquei no meu antigo fotolog (eu colocava uma foto e escrevia um texto que me inspirasse algo sobre a imagem). Pois bem, aquele amor por aquela pessoa já não existe mais. Guardo recordações de uma vida passada, importante para a construção do meu indivíduo, mas ainda passado. lembro que escrevi aquele texto para formalizar ao meu eu que estava havendo o fim. Precisava colocar um ponto final naquile turbilhão de sentimentos que por vezes nos deixam sem direção.

Hoje escrevo para formalizar um novo começo. Um começo de ano (2010), de vida, de sabores, todos dedicados a mim. Um ano onde serei mais cuidadoso com os atos, terei mais parcimônia com as palavras, serei mais espiritualizado e tentarei largar todo o resquício de animal selvagem que, por vezes, toma conta de mim. Largo os antigos argumentos para estar aberto as novas possibilidades da vida. Enfim, morre o velho eu para nascer um novo. E mato com o auxílio deste blog.