quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A Caverna do Cara

E eu, sentado no interior desta caverna solitária e fria, com a fogueira armada, não existe batidas em silex que acendam e façam o fogo surgir. Talvez, eu esteja mesmo fadado a viver nas sombras frias e solitárias de uma existência sem significado. Caminho em direção a praia, tentando me livrar desse singular existir. Chego à praia, mas não existe sol capaz de iluminar essa ausência de sentido no olhar.

Olho o mar e este me parece calmo. Mergulho no oceano e nado para o horizonte infinito, mas neste oceano de dor existem somente algumas ilhas de esquecimento. Não encontro nada, nem mesmo as ilhas esquecidas pelo tempo e humanidade. Afogo-me, porém, sem morrer. Morto não morre, logo, afundo como uma pedra em direção ao vazio.

No fundo do mar, pensando sobre ainda o que resta de minha eternidade, refletindo sobre o zumbi que fui enquanto vivo, constato que nada poderia ter sido diferente. Teria sido tudo da mesma forma, um vácuo total. E não existe ciência capaz de provar que do vácuo podemos tirar algo. Do meu vácuo existir, nada pode ser retirado senão uma cômica tragédia, onde o personagem principal é menos flexível que uma porta de dobrar.