terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Um carnaval passado nos idos de 2024...

Não que me orgulhe de ser quem sou, com meus 44 anos ou muito menos deprimido com quem fui, mas o Carnaval é uma época que, quase sempre, cai no meu inferno astral. É difícil imaginar, um mundo inteiro se esbaldando em uma felicidade anacrônica com meu ser. Diria eu, um barroco em meio ao obscuro tempo da ignorância. Mas teve um carnaval, ah, que carnaval! era uma época boa, perdida no tempo em que a memória já falha,a tropela os anos, mas as sensações permanecem...

Estava eu, vestido de rato de laboratória, quando vejo uma donzela, vestida de Minnie, com um belo laço no cabelo. Sua pele morena constrastava com sua sapatilha rosa clarinha, uma beleza de mulher, pernas lindas. Já que o "não" era certo e a solidão já caminhava de mãos dadas comigo fazia tempo, como num ímpeto heróico, meio desajeitado, chego perto dela e que, ensaiando mentalmente uma apresentação depojada e depretenciosa, solto minhas belas palavras "oi.... é que..... tipo assim..... ah....". Catástrofe! Até o Cordame de Notrecunda (sic) se sairia melhor que eu! Ah, Quasímodo, logo agora? Pois bem, para minha fiel surpresa, Minnie simplesmente me olha e pá! Tasca-me um beijo. Tremi na base, ora, o espartano aqui sou eu! Conquistador de terras distantes e desbravador de novos impérios! Como uma guria era capaz de sobrepujar minha dominação? Mas a naturalidade dela foi tão, tão, tão encantadora que me perdi em seus lábios. Ora, o laço dela se prendeu ao meu corpo, como uma delicada coleira, eu agora, no carnaval de sei-lá-quando estava perdido por ela que se chamava... não havia me dito ainda!Passamos o dia todo, eu como um pequeno boneco, eu era Arlequim e ela minha Colombina!

Pois bem, durante do restante do carnaval, fui o bobo-da-corte mais feliz do mundo! E minha amada Colombina parecia estar em outro plano, igualmente feliz. Seria talvez, a descoberta de minha vida, após um casamento falido em seu principío, a felicidade me batia a porta! E que se dane o tal "inferno astral", isso é para os outros, não para mim! E findado o carnaval, quarta-feira de cinzas, minha amada Colombina me diz, com a mesma naturalidade que me conquistou, que partiria para a Espanha, que era onde morava com seu marido. De colombina passava a concubina! Essa algoz da verdade, sepultava minha esperança na felicidade. Espero, sinceramente, que seu avião tenha explodido na volta.

Hoje, aos 44 anos, lembro com ternura daquela felicidade sem precedentes que tive no peito, que durou uma noite de verão, como a paixão deve ser...